quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vou-me embora

Fiquei pensando em um lugar que não precisa ser perfeito,
Só que seja bom o suficiente.
Mas pra onde vou?
Vou-me embora pra Pasárgada
Posso não ser amigo do rei mas posso conhecê-lo e me tornar um bom súdito.
Não sou sempre infeliz aqui, mas lá eu poderia ser feliz sempre
Acho que para isso não precisarei ser tão inconseqüente
Provavelmente não serei muito aventureira, porque eu nem gosto muito de praticar esportes
E também não terei paciência de ouvir histórias
Vou preferir lê-las ou contá-las a quem se interessar.
Dizem que por lá é civilizado e seguro
E também há facilidade de se impedir uma concepção.
Existem Bebida e prostitutas a vontade...
Mas a verdade é que não preciso de nada disso pra ser feliz
Porém para muitos Pasárgada é um paraíso
Mas meu medo é de quando eu estiver triste não tiver com quem conversar
O rei não é meu amigo e com toda certeza não me ajudará
E então a quem vou recorrer em um súbito desejo de me matar?
Vou ficar por aqui mesmo , pois aqui tenho amigos
aventura suficiente, civilização e bons livros.

Lilian Lima

Poema de Manuel Bandeira Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.


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